segunda-feira, 11 de julho de 2011

Contextualizando a Pesquisa na Ciência da Informação



O estudo da preservação digital já deixou de ser curiosidade para se transformar em necessidade devido ao elevado número de documentos e imagens em formato digital das instituições.  Seja o objeto nato-digital (criado originariamente em formato digital) ou digitalizado a partir de seu objeto físico, fato é que, uma vez no universo digital, este objeto passa a se comportar por outras regras e, assim, necessita de um modelo apropriado para conservar sua integridade e garantir seu acesso a longo prazo.
Para a Ciência da Informação, estudos na área de preservação digital ajudam a compreender melhor o universo digital e, principalmente, como a tecnologia e as práticas humanas se alinham para contribuir no acesso à informação: não basta existir um Sistema de Informação robusto para armazenar os dados digitais se uma política adequada não for estabelecida pela instituição que detém/utiliza esse sistema.
Como diferentes instituições lidam com diferentes prioridades, os estudos de preservação devem ser realizados em diferentes contextos. Hoje, em sua grande maioria, pesquisas são realizadas em repositórios de bibliotecas e arquivos digitais, mas outros ambientes também podem ser beneficiados por essas práticas – o estudo de técnicas de preservação em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) contribui para o avanço e a manutenção dos sistemas de Educação à Distância (EaD).
Zins (2007) levantou um mapa de conhecimento da Ciência da Informação a partir de um estudo realizado com o apoio de mais de cinquenta cientistas de diversas áreas. Este estudo é composto por um grupo de quatro artigos e tem por objetivo explorar os fundamentos da ciência da informação. O modelo estabelecido por Zins (2007a) é composto de 10 facetas: Fundações (1), Recursos (2), Trabalhadores do Conhecimento (3), Conteúdos (4), Aplicações (5), Operações e Processos (6), Tecnologias (7), Ambientes (8), Organizações (9) e Usuários (10). Dessas facetas, a primeira representa um tópico de metaconhecimento, ou seja, trata dos aspectos filosóficos da ciência da informação, ao invés dos fenomenológicos. As outras facetas exploram as várias condições que permitem a conexão dos Recursos (2) de informação a seus Usuários (10).
 Ao analisarmos os esquemas levantados nos trabalhos de Zins, vemos que a Preservação Digital tende a aparecer nesses esquemas como uma subseção de Tecnologias da Informação ou como Processos da Ciência da Informação. Nos mesmos estudos, E-learning é classificado em Áreas de Educação e Treinamento ou ainda como Disciplina Socio-cultural.
O que se percebe daí é que a Preservação Digital é um tema já levado em conta no mapeamento da Ciência da Informação, sendo relevante para o modelo cultural desta ciência. Porém, ao observar as facetas levantadas no Mapa de Conhecimento da Ciência da Informação, não é claro se o tema pertence à categoria 6 (Operação e Processos) ou à categoria 7 (Tecnologias). É interessante notar que essas duas categorias ajudam a responder o “Como?”, ou seja, como a ciência da informação é mediada: operação e processo é o método utilizado, e tecnologia é o meio. Logo, há uma dúvida se a preservação digital deve ser considerada um método ou um meio para prover a informação. A resposta poderá ser obtida conforme esse campo for melhor explorado, mas a sua importância já é evidente.
E-learning também aparece nos trabalhos de Zins, mas o tema está enquadrado na categoria 8 (Ambientes), que ajuda a responder o “Quando?” e “Onde?” da Ciência da Informação. Em outras palavras, é um tema que situa o problema no tempo e no espaço. 
De fato, ao se realizar um estudo de preservação digital em ambientes de educação à distância, estamos estudando a forma de prover a informação em um ambiente específico. É para entender melhor a relação entre os dois temas, que o trabalho coloca como objetivo a verificação de técnicas e políticas de preservação digitais adotadas em um ambiente específico de EaD, o Aprender-UnB. Um estudo de caso se torna um trabalho interessante na medida que pretende contextualizar o problema em uma situação específica, com vista a entender o funcionamento do fenômeno mais geral.

REFERÊNCIAS:
[1]    ZINS, Chaim. (2007a). Knowledge map of information science: Research Articles. Journal of the American Society for Information Science and Technology. 58(4), 2007. 10pp. Disponível em: <http://www.success.co.il/is/zins_kmapof_is.pdf.  Acesso em: Fevereiro de 2011.
[2]    ZINS, Chaim. (2007b). Conceptions of Information Science. Journal of the American Society for Information Science and Technology. 58(3):335–350, 2007. 16pp. Disponível em: <http://www.success.co.il/is/zins_conceptsof_is.pdf>. Acesso em: Fevereiro de 2011.
[3]    ZINS, Chaim. (2007c). Classification Schemes of Information Science: Twenty-Eight Scholars Map the Field. Journal of the American Society for Information Science and Technology. 58(5):645–672, 2007. 28pp. Disponível em: < http://www.success.co.il/is/zins_28schemes.pdf>. Acesso em: Fevereiro de 2011.
[4]    ZINS, Chaim. (2007d). Conceptual Approaches for Defining Data, Information, and Knowledge. Journal of the American Society for Information Science and Technology. 58(4):479–493, 2007. 15pp. Disponível em: <http://www.success.co.il/is/zins_definitions_dik.pdf>. Acesso em: Fevereiro de 2011. 

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